Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Cairo oferece um espetáculo faraônico para a inauguração do Grande Museu Egípcio

01/11/2025 20:28 O Globo - Rio/Política RJ

Um espetáculo faraônico com luzes a laser, orquestra sinfônica, bailarinas com túnicas inspiradas em afrescos antigos, cetros e coroas douradas marcou, na noite deste sábado (1), a inauguração oficial do Grande Museu Egípcio (GEM), no Cairo.
Entenda: Vaso sanitário de ouro feito por artista italiano será leiloado por US$ 10 milhões
Livros da semana: crônicas de Paulo Mendes Campos, cartas de Clarice Lispector e o novo de Itamar Vieira Júnior
“Estamos escrevendo um novo capítulo da história do presente e do futuro, em nome desta antiga pátria”, declarou o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, exaltando “o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização”, diante de uma plateia composta por reis, chefes de Estado e líderes internacionais.
“É um testemunho vivo do engenho do povo egípcio”, acrescentou, diante da imponente construção de pedra e cristal, com vista para as pirâmides de Gizé banhadas por luzes douradas.
Sarcófago de Tutancâmon: um dos hits do museu egípcio
Khaled Desouki / AFP
Na chegada dos convidados, drones desenharam uma mensagem sobre as três pirâmides e a Esfinge, dando as “boas-vindas ao país da paz”, em inglês.
Em seguida, foram apresentadas cenas grandiosas de balé e óperas, interpretadas por dezenas de artistas e figurantes vestidos com trajes da Antiguidade, antes que fogos de artifício gigantescos iluminassem o céu.
“Todos imaginamos e sonhamos com este projeto. Perguntávamos se realmente se tornaria realidade, se todos veríamos sua implementação e assistiríamos a este grande dia”, declarou o primeiro-ministro, Mostafa Madbouly, durante uma coletiva de imprensa.
Egito, 'centro da egiptologia'
A construção do edifício, erguido sobre uma área de meio milhão de metros quadrados com apoio financeiro e técnico do Japão, custou centenas de milhões de dólares e exigiu muitos anos de trabalho monumental.
“A ideia do museu surgiu há cerca de trinta anos e, após um período de interrupção devido às circunstâncias que o Egito enfrentou a partir de 2011, a maior parte do processo foi desenvolvida ao longo dos últimos sete ou oito anos”, explicou o primeiro-ministro egípcio no sábado.
Visitantes circulam no Grande Museu Egípcio
Khaled Desouki / AFP
A principal atração é o tesouro de Tutancâmon, descoberto em 1922 em uma tumba intacta no Vale dos Reis, no Alto Egito, composto por cerca de 5.000 objetos funerários reunidos pela primeira vez em um mesmo espaço.
Ao todo, o GEM abriga mais de 100 mil peças arqueológicas, das quais metade será exibida ao público, formando a maior coleção do mundo dedicada a uma única civilização — que viu suceder-se trinta dinastias ao longo de 5.000 anos de história.
Na abertura ao público, prevista para março, os visitantes serão recebidos no imenso átrio pela mais monumental estátua do museu — 83 toneladas de granito e onze metros de altura — que representa Ramsés II, o faraó que reinou no Egito por 66 anos, há mais de 3.000 anos.
Diferentemente do Museu Egípcio construído na era colonial, no centro do Cairo — hoje envelhecido e deteriorado —, o GEM oferece galerias imersivas, iluminação de precisão, exposições de realidade virtual e até mesmo um museu infantil.
Os apaixonados por arqueologia poderão observar, através de uma grande janela, o trabalho do laboratório de conservação, onde está sendo restaurada uma barca solar de 4.500 anos, encontrada enterrada perto da pirâmide de Quéops.
“O Egito se tornará o centro da egiptologia (...). Não é aceitável que as principais conferências internacionais sejam realizadas fora do país”, afirmou o ministro do Turismo, Sherif Fathi, durante um encontro com a imprensa.
Esperança para o turismo
O setor turístico egípcio, fonte vital de divisas e empregos, foi abalado diversas vezes na última década, desde a revolta de 2011 até as ondas de instabilidade e ataques terroristas esporádicos que se seguiram.
Nos últimos anos, o turismo deu sinais de recuperação, com 15 milhões de visitantes no Egito durante os primeiros meses de 2025, gerando 12,5 bilhões de dólares — um aumento de 21% em relação ao ano anterior.
Com “entre 5.000 e 6.000 visitantes diários” atualmente, “esperamos alcançar 15.000”, declarou o ministro do Turismo, estimando um aumento anual de cinco milhões de turistas, “a maioria dos quais visitará o museu”.
O governo trabalha na finalização de um “plano global” de desenvolvimento para o nordeste do Cairo, que se estenderá do novo Aeroporto Internacional Esfinge até as pirâmides de Saqqara, incluindo hotéis, restaurantes e centros comerciais — garantiu Fathi, evitando qualquer menção ao custo da cerimônia.

Fonte original: abrir