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Argentina designa CV e PCC como grupos terroristas e aumenta segurança nas fronteiras

31/10/2025 21:37 O Globo - Rio/Política RJ

A Argentina colocou suas fronteiras em alerta máximo nessa quarta-feira, um dia depois de classificar o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações terroristas. A decisão foi anunciada pela ministra da Segurança do país, Patricia Bullrich, em resposta à escalada da violência no Rio de Janeiro, após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha deixar mais de 120 mortos, entre eles quatro agentes de segurança.
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— Vamos ter uma reunião no Ministério da Segurança, e vou colocar o alerta máximo nas fronteiras para que não haja travessia ou passagem de quem está claramente se deslocando do centro do conflito no Rio de Janeiro. Esse alerta máximo significa examinar minuciosamente todos os brasileiros que chegam à Argentina, verificando seus antecedentes criminais, mas sem confundir turistas com membros do Comando Vermelho — disse a ministra ao diário argentino Clarín.
Segundo ela, todos os brasileiros que entrarem no país passarão por análise “minuciosa”, mesmo que não tenham antecedentes criminais. O reforço da vigilância nas fronteiras norte e nordeste, especialmente com o Brasil e o Paraguai, é, por ora, a principal medida adotada.
A decisão do governo argentino ocorre em meio a uma série de investigações que apontam a presença crescente de facções brasileiras no país. Um caso emblemático, revelado pelo jornal Clarín, mostrou que uma rede ligada ao Comando Vermelho movimentou mais de US$ 500 milhões em criptoativos na Argentina entre 2015 e 2023, em um esquema de lavagem de dinheiro comandado por brasileiros e argentinos.
De acordo com a Procuradoria de Crimes Econômicos e Lavagem de Dinheiro da Argentina (PROCELAC), os criminosos utilizaram empresas de fachada, fundos de investimento e ativos virtuais para dar aparência de legalidade a recursos oriundos do tráfico de drogas. Parte do dinheiro foi usada na compra de imóveis e veículos de luxo.
O julgamento, conduzido por um tribunal federal de Buenos Aires, condenou oito pessoas a penas de até três anos e aplicou multas que somam mais de 2,4 bilhões de pesos. Outros cinco acusados, apontados como os principais operadores financeiros do CV no país, aguardam julgamento.
Além do CV, o Primeiro Comando da Capital (PCC) também tem ampliado sua atuação na Argentina, segundo relatório confidencial obtido pela emissora TN e revelado pelo portal Enterate, ambos veículos argentinos. O documento identifica 28 pessoas ligadas ao PCC e ao CV no país, metade delas presas em penitenciárias federais. A outra metade está em liberdade.
As investigações indicam que o grupo expandiu sua rede para países produtores e rotas de tráfico, como Paraguai e Bolívia, antes de chegar à Argentina. Membros do PCC já foram identificados em presídios das províncias de Santa Fé, Chaco e Entre Ríos.
Entre os nomes citados no relatório estão Adriano Giménez Morales, paraguaio preso por tráfico de drogas, e Jonathan Renato Gonçalves, brasileiro detido pela polícia argentina. Ambos seriam integrantes da facção. As autoridades argentinas também identificaram símbolos e tatuagens típicas do grupo, além de rituais de iniciação semelhantes aos observados no Brasil.
A ofensiva argentina ocorre após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que teve como alvo a cúpula do Comando Vermelho e deixou mais de 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

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