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11 de outubro, 48 anos depois: por que ainda tropeçam no “do Sul”?

11/10/2025 12:13 Campo Grande News - Política

Há aniversários que pedem bolo; o de Mato Grosso do Sul pede, antes, correção. Aos 48 anos, MS acumula quase o mesmo tempo de gafes públicas, de autoridades a artistas, que insistem em podar o “do Sul” como se fosse excesso de sílaba. A confusão virou folclore, mas não é inofensiva. Fere a identidade, atrapalha a comunicação e distorce a geografia simbólica de quem vive aqui. No centro desta reportagem está a voz de Lenilde Ramos, jornalista, escritora, cantora e compositora, que transformou indignação em canção. “11 de outubro”, composta há duas décadas, nasceu como ato público de protesto. “Eu fiz como um protesto”, lembra. “Teve um debate no Rubens Gil de Camillo, com Roberto Duailibi; pediram para eu cantar. O Arce Corrêa, ator que faz Maria Quitéria, entrou numa brincadeira com histórias dentro da música. A canção começa com uma polca paraguaia, depois vira polca rock.” Ao vivo, Lenilde resgata a faixa sempre que alguém derrapa: “Eu sempre que posso canto essa música, principalmente quando [em rádio, TV, jornal] todo mundo erra”. Ela recorda um episódio nos anos 1990, quando um ministro da Educação, em visita, falou “Mato Grosso” e foi corrigido em coro, cena que ajuda a explicar por que a letra virou bandeira. “Eu respondo ‘do Sul’ desde o processo de divisão. A gente imaginava que Mato Grosso levaria ‘do Norte’; me parece que o pessoal de lá rejeitou. O resultado é um Mato Grosso sem Norte e um Mato Grosso do Sul que muita gente não assimila. Falta campanha nacional; até pessoas antigas daqui não incorporam. É comodismo”, diz. Em mesas literárias, a reação às correções às vezes vem “com nariz torcido”. “Tem até músico nascido aqui que diz que é frescura da gente”, lamenta. E conclui: “Não devemos aceitar. A gente tem uma identidade. É polca de protesto, bandeira para protestar sempre.” Não faltam exemplos recentes. Em 8 de outubro de 2025, Carlinhos Maia publicou stories falando “Mato Grosso” e foi corrigido pela própria equipe: era Mato Grosso do Sul. O episódio rendeu matéria e muitos comentários. Um mês antes, em 3 de setembro, o jornalista Márcio Gomes cometeu a troca durante palestra em Campo Grande. Recebeu da plateia um “coro triste”, pediu desculpas e reconheceu o deslize. Não é só gente. Mapas oficiais e até IA tropeçam. Em julho de 2025, o IBGE publicou um mapa invertendo MS e MT na Amazônia Legal; retirou o material após a repercussão. Em abril de 2025, uma reportagem mostrou modelos de IA trocando MS por Goiás e MT e até inventando nomes, quando desenham o mapa do Brasil.  A coleção de matérias locais no Campo Grande News  e outros portais registra a recorrência. Em colunas de bastidores, a máxima reaparece: “Toda vez que esquecem o ‘do Sul’, turismo leva um soco”, síntese de como o erro desgasta imagem e negócios. E não é coisa de agora: a seção cita gafes de ministros e autoridades em visitas ao Estado.  Se a confusão persiste, a correção é simples. Mato Grosso do Sul nasceu em 11 de outubro de 1977, pela Lei Complementar nº 31, assinada por Ernesto Geisel, data que marca a criação do Estado; a instalação efetiva veio em 1º de janeiro de 1979. É o Estado ao sul do antigo Mato Grosso. Lembrar “do Sul” é só fazer o que o nome manda: localizar no mapa. Planalto+2Portal da Câmara dos Deputados+2 Lenilde propõe que a música viaje adiante, das rodas literárias às salas de aula, como hino civil de memória: ouvir, repetir, corrigir. E talvez essa seja a lição dos 48 anos: identidade não é discurso; é prática cotidiana. Quando alguém errar, vale devolver com música, mapa e um lembrete gentil, daqueles que fincam território: é do Sul. Veja a letra e ouça a canção de Lenilde Ramos abaixo Eu nasci no Mato Grosso, quando esse estado era inteiro, hoje ele está dividido e eu, cada vez mais perdido, sem saber meu paradeiro. Meu estado novo em folha, por nome ganho um rabicho, de um Sul que não tem Norte. Para completar minha sorte, ninguém sabe que eu existo. Ai. Sou de onde? Sou do quê? Quem sou eu? Quem é você? Sou de onde? Sou do quê? Quem sou eu? Quem é você? Sou de onde? Sou do quê? Quem sou eu? Sou eu, quem é você? Mato Grosso do Sul tem um nome que todo mundo se esquece, que o Brasil não reconhece, ninguém fala, ninguém diz — isso muito me aborrece. Minha rima é sem poesia, tropeça na geografia. A nossa metade inteira é a nação pantaneira, patrimônio da humanidade. Ai. Sou de onde? Sou do quê? Quem sou eu? Quem é você? Sou de onde? Sou do quê? Quem sou eu? Quem é você? É rádio, TV, jornal, artista, turista, autoridade, trocando minha identidade. É rádio, TV, jornal, artista, turista, autoridade, trocando minha identidade. Mato Grosso do Sul espera resolver, que zere essa confusão. Acompanhe o  Lado B  no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e  Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp  (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na l

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